Em janeiro deste ano um vídeo circulou nas redes sociais e ganhou a mídia, inclusive nacional, quando um empreendimento em Balneário Camboriú oscilou, devido aos fortes ventos em uma tempestade de verão. No vídeo, que mostra a piscina localizada dentro do apartamento é possível ver que a água é jogada pra fora causando dúvidas sobre a segurança e estabilidade destes arranha-céus.
Balneário Camboriú já é destaque nacional pelo número de andares de seus prédios e segundo a organização não-governamental Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH), a cidade reúne oito dos dez edifícios mais altos já entregues e em construção no país.
Em 2020 o município ganhará mais um imponente edifício, que será o maior da América Latina, destacando nossa construção civil internacionalmente. O Yachthouse Residence, da Construtora Pasqualotto & GT terá 81 andares, além de 10 mil m² de área de lazer.
A magnitude do empreendimento também se traduz em números, que impressionam. Somente na fundação foram usados 4562 caminhões de cimento. Os 264 apartamentos com cerca de 250 m² privativos e 450 m² de área total terão quatro suítes, duas com closet e uma com hidromassagem, além de lavabo e dependência de empregada com banheiro.
Segundo o Engenheiro Civil, Davi Hanel Rotilli Junior, responsável pelo planejamento das obras o episódio que aconteceu em janeiro é totalmente aceitável, do ponto de vista técnico. O que ocorre é que essa oscilação deve estar dentro dos limites aceitáveis normativamente. Para garantir que isso esteja dentro dos limites aceitáveis o cálculo estrutural deve considerar a ação dinâmica do vento e simulá-lo em túneis de vento. Além disso, caso seja verificado nesse ensaio que a estrutura não suportará o efeito dos ventos sem cumprir todos os pontos da norma, o projetista deverá criar mecanismo de mitigação deste efeito até o ponto que se torne aceitável.
O Engenheiro explica que no vídeo que circulou nas redes sociais, como a imagem foi gravada no interior do apartamento, a piscina se tornou uma espécie de amplificador de sensação. Desta forma, o efeito visual que a piscina reflete não necessariamente demonstra a oscilação do prédio. Porém, caso a oscilação da torre seja superior ao aceitável a fachada do edifício poderá ser afetada diretamente com fissuras, desplacamento de reboco, desplacamento de pastilhas, quebra de vidros desregulagem nas portas, pontua Davi.
Para dar conta de erguer uma obra deste porte, como o Vitra e o Yachthouse, sem riscos à estrutura, a construtora está empregando um procedimento inédito no sul do país, chamado de Outrigger. O objetivo é auxiliar na redução da oscilação em edifícios altos aumentando a rigidez. “É fundamental garantir a segurança em empreendimentos deste porte, por isso existem tecnologias para amenizar as oscilações, como mega pilares (Share Walls), outriggers, instalação de sistema pendulares, construção de sistema de amortecedores hidráulicos e outros mais”, explica o Engenheiro.
– No caso do Yachthouse e do Vitra adotamos medidas inéditas no Brasil para o controle dos deslocamentos horizontais, que são os pavimentos denominados Outriggers. Este mecanismo consiste na inserção de vigas de contraventamento, da altura de um pavimento todo e com aço equivalente a três pavimentos normais, que tem por objetivo controlar a oscilação. No nosso caso temos dois níveis em cada torre, tendo ela sido calculada para enrijecer a estrutura e garantir sua estabilidade.
Davi Rottili diz que em ambos os edifícios os parâmetros de oscilação estão dentro do estabelecido nas Normas nacionais e internacionais, o que foi possível graças à incorporação dos pavimentos Outriggers localizados no 30º Pavimento e 53º Pavimento do Yachthouse e no 31º Pavimento e 51º Pavimento, do Vitra by Pininfarina.
Os projetos da Pasqualotto & GT ainda levam a assinatura do estúdio de design Pininfarina – reconhecido internacionalmente como um símbolo do estilo italiano, responsável pelo desenho de carros como Ferrari, Masserati e Jaguar.
